Discursos e Intervenciones

DISCURSO NAS CONCLUSÕES DO PRIMEIRO CONGRESSO NACIONAL DE PROFESSORES DE VANGUARDA “FRANK PAÍS”, JUNTAMENTE COM O ATO DE GRADUAÇÃO DAS EBIR, EM 10 DE ABRIL DE 1963

Fecha: 

10/04/1963

Companheiros graduados das Escolas Básicas de Instrução Revolucionária (EBIR) (APLAUSOS)
 Companheiros professores de vanguarda (APLAUSOS):

 Coincidiu nesta ocasião o fim do curso das Escolas Básicas de Instrução Revolucionárias (EBIR) com o congresso da Brigada de Professores de Vanguarda “Frank País” (APLAUSOS), pelo qual se determinou dar em comum este ato.

 Não são exatamente as mesmas funções as que uns e outros desempenham. Quer dizer, que umas são propriamente funções de educação e outras são funções de formação política. Não obstante, tudo isto se relaciona grandemente e, acima de tudo, faz parte do esforço que a Revolução faz em diferentes fronts.

 Os professores têm nas mãos uma tarefa muito importante porque são os que começam por formar a mentalidade das crianças, ensinar-lhes as primeiras letras e, ao mesmo tempo, incutir-lhes hábitos de vida social, e ir consolidando em cada criança o futuro cidadão da República. O professor tem, ainda, ao mesmo tempo, que começar a dar as primeiras lições de história, as primeiras lições acerca do meio social e da realidade social em que vive o homem.

 Neste caso, os professores de vanguarda desempenham, além do mais, uma missão duplamente de mérito, pois a realizam nos lugares mais distantes e menos comunicados do nosso país. E ali também eles, em certo sentido, são também formadores da consciência revolucionária (APLAUSOS), e constituem uma força que ajuda a orientar nossos camponeses.

 Caso não ter sido pelo esforço destes companheiros e companheiras, não teria sido possível resolver o problema do ensino à população infantil das montanhas.

  Às vezes, nós temos escutado dizer, lendo as notícias, acerca dos planos da Aliança para o Progresso de construir escolas. E cada vez que escutamos essas ilusões e essas vãs promessas, lembramos do fato de que não basta construir escolar para que haja alfabetização, para que haja ensino.

 Para que haja alfabetização, para que haja ensino, é preciso que existam professores. E para que o ensino chegue aos lugares mais afastados, é preciso que existam professores capazes de chegar a esses lugares afastados (APLAUSOS); e para que existam professores capazes de chegar a esses lugares afastados é preciso que sejam formados esses professores, que não venham exclusivamente dos que possam ser captados nas cidades e que, naturalmente, venham das camadas mais humildes da população e que sejam preparados adequadamente. Caso contrário, não haverá em nenhum lugar da América Latina professores suficientes para irem ensinar os camponeses.   

 Esse tema do ensino poderia ser considerado também parte da instrução revolucionária. Porque a instrução geral, junto com a instrução política, deve começar o mais cedo possível. Não se trata de uma instrução propriamente teórica, mas é preciso incutir à criança uma série de hábitos, desde que começa a entender o mundo, acerca da forma em que se deve comportar.

 Nós não chegaremos a forjar uma sociedade inteiramente nova se essa sociedade inteiramente nova, limpa de muitas das lacunas e das fraquezas de nossa sociedade atual, não a começamos a partir das crianças.

 A companheira que falou aqui em nome dos professores expressou uma série de ideias muito interessantes acerca do que significava a instrução política, acerca do que ensinava a ver e compreender os problemas, acerca do que tinha significado para muitos de vocês o fato de chegar a adquirir uma concepção, um método, um guia, uma série de princípios científicos, para compreender os problemas sociais e para compreender os problemas da Revolução e para compreender os problemas históricos. E quando se conta com essa ajuda, com esses conhecimentos, se começam a compreender muitas coisas que antes pareciam escuras.

 Uma das características da sociedade burguesa é o caos mental, a falta de uma explicação dos problemas, a falta de uma interpretação das realidades; e onde existem mil explicações porque, afinal, não existe nenhuma explicação. Quer dizer, não existe nenhuma explicação verdadeira porque do que se trata é de justificar um sistema de exploração e tentar de apresentar como eterno um modo de produção que é simplesmente, um produto da história, transitório e condenado a desaparecer num dado momento. A sociedade burguesa é caracterizada pelo caos, repito, a falta de uma explicação clara dos fenômenos e dos fatos. E o socialismo científico e o regime social inspirado nele é caracterizado precisamente por tudo o contrário. Pela possibilidade de ter uma explicação verdadeira, real, dos problemas, de cada problema, e do processo dos problemas e do desenvolvimento da sociedade.

 Contudo, talvez uma das coisas mais difíceis de compreender seja que nenhuma dessas interpretações são interpretações mecânicas, que nenhuma dessas interpretações têm que ser interpretações modelo, e que o marxismo não é um conjunto de “formulinhas” para tentar aplicar à força a explicação de cada problema concreto, mas sim uma visão dialética dos problemas, uma aplicação vivente desses princípios, um guia, um método.
 E por isso o revolucionário tem que estar incessantemente pensando, analisando. Não pensar que vai achar nada simples, nada singelo, nada fácil, nada mecânico, mas tem necessariamente que analisar. E que os problemas são múltiplos, que os problemas implicam infinidade de facetas e que, ainda, os problemas sucedem uns atrás dos outros; e que, superadas uma série de questões e uma serie de problemas, imediatamente há uma série de problemas novos.

 Creio que algo que poderia ser para nós todos uma grande lição de marxismo, é lembrarmo-nos o processo mesmo da Revolução. E se vocês fazem uma análise da Revolução como um processo — como é realmente — poderiam tirar ou extrair magníficas lições. As condições de agora da Revolução não são similares às condições do começo da Revolução; não havia, por exemplo, a unidade que há hoje, não só a unidade orgânica, mas também a unidade de pensamento, a unidade de método, a unidade de orientação, que no começo da Revolução era muito caracterizada porque existia uma série de correntes, uma série de critérios, uma série de pontos de vista. Poderia dizer-se que milhares de pessoas tinham um ponto de vista diferente, determinado; que muitas pessoas tinham seus métodos, que muitas pessoas tinham seu estilo de verem os problemas.

 Se vocês analisassem a Revolução desde o começo, verão que é um processo em ascensão, no qual uma série de problemas foram sendo superados uns após os outros, que a Revolução tem ido numa ascensão continuada desde o começo. E, contudo, isso não quer dizer que a Revolução não tenha que estar resolvendo infinidade de problemas que tem agora e que não tinha na hora. E assim, incessantemente, os problemas vão se renovando e apresentarão aos revolucionários a tarefa de resolvê-los.

 E nós podemos fazer uma comparação entre o processo da Revolução e o processo da contrarrevolução, e se faz ainda mais interessante. Porque o processo da Revolução é um processo em ascensão, de desenvolvimento, de união, enquanto o processo da contrarrevolução é um processo de queda, é um processo de decomposição. E enquanto as forças revolucionárias se aglutinam, se tornam mais experientes, mais aguerridas, mais unidas e mais fortes, as forças contrarrevolucionárias se desintegram cada vez mais e mais; enquanto a Revolução tem sido um processo de união constante, a contrarrevolução tem sido um processo constante de desunião; e enquanto as diferentes forças revolucionárias — verdadeiramente revolucionárias — culminaram naquilo que se percebe como uma poderosa vanguarda política do país, um formidável Partido proletário marxista-leninista (APLAUSOS), a contrarrevolução é hoje um fracionamento de aproximadamente 500 organizações.

 E há uma piadinha que circula por Miami — porque lá também se fazem piadas revolucionárias — e que diz que muito frequentemente se juntam dois contrarrevolucionários em Miami para constituírem um partido de duas facções. E o número de organizações contrarrevolucionárias se multiplica mais e mais.

 Quer dizer, enquanto a Revolução avança rumo a uma disciplina, rumo a uma união, rumo a uma ordem, rumo a uma força, a contrarrevolução ruma para o caos, cada vez mais, por causa das 10 mil interpretações dos fatos por parte de cada um daqueles sujeitos, que não sabem nada de história, nem de economia, nem de nada, nem têm um método, nem têm uma concepção, nem têm uma focalização dos problemas, e como cada um faz o seu, resultado: que de cada ponto de vista sai uma organização contrarrevolucionária. Naturalmente, independentemente de que haja muitos que preferem ser “cabeça de rato antes que cauda de leão”, não é? (RISOS), e que sendo cabecilha de uma organização contrarrevolucionária possivelmente tenha alguns benefícios nessas folhas de pagamento que se distribuem lá nos Estados Unidos.

 O processo revolucionário ensina-nos estas coisas. E um dia como hoje resulta muito oportuno assinalar este contraste. Por que?, por que? Porque precisamente hoje se pode dizer que está marcando o ponto culminante da crise da contrarrevolução.

 Desta forma, enquanto nós nos reunimos aqui para graduar os alunos de 78 escolas de Instrução Revolucionária, aos alunos das escolas nacionais de organizações de massa como a Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC) e a Associação Nacional de Agricultores Pequenos (ANAP); ou da nossa organização juvenil; enquanto nos reunimos aqui com mais de mil professores que vêm das montanhas e que trabalham nas montanhas (APLAUSOS); enquanto podemos ter a satisfação de ver toda a força e todo o entusiasmo com que cresce o espírito revolucionário, mas sobretudo o espírito revolucionário consciente, quer dizer, esse espírito que não é só entusiasmo mas que é entusiasmo e ao mesmo tempo consciência; as notícias que se recebem dos nossos inimigos são dignas de serem lidas, e por isso eu trazia alguns papéis (RISOS). Papéis que vieram muito oportunos, porque eu os recebi poucos momentos antes de chegar aqui ao ato; são informações da UPI.

 Não vamos duvidar deles, sabem por quê? Porque não são essas notícias que escrevem para falar de nós, mas sim para falar deles. E assim, este cabograma da UPI, diz:

 “Miami, abril 10 — diz —: Irados líderes dos exilados cubanos romperam hoje com o governo dos Estados Unidos, com motivo da decisão deste, que caracterizaram de coexistência com o regime comunista cubano.

 “Um porta-voz do Conselho Revolucionário Cubano, reconhecido por Washington como representante dos 250 mil refugiados cubanos que se calcula haja neste país — parece-me que exageraram um pouquinho o número — “atacou furiosamente revelações de Washington relativas a pretensos motivos de sua ruptura.

 “Uma fonte governamental disse a jornalistas desta capital que o presidente do Conselho Revolucionário, José Miró Cardona, tinha pedido US$ 50 milhões, com o fim de preparar um novo exército anticastrista” — ao que parece não calculou os US$ 100 que vão ter que pagar depois, como indenização — (RISOS e APLAUSOS), “ou como alternativa” — isto é, se a pontaria das milícias nossas não é muito superior à daquela ocasião! — (APLAUSOS), “ou como alternativa uma intervenção decisiva do Conselho no futuro planejamento da ação anticastrista. Mas essa afirmação foi desmentida pelo secretário de Miró Cardona, Ramiro Boza, qualificando-a de afirmação falsa e tendenciosa de uma fonte governamental anônima dos Estados Unidos.

 “O porta-voz do Conselho declarou abertamente que Washington tenta desacreditar Miró diante da impossibilidade do governo de fazê-lo mudar de critério relativamente à ruptura. Disse que revelação foi um escudo de Washington para esconder a coexistência dos Estados Unidos com o regime comunista de Fidel Castro e, ainda, mais um exemplo da chamada manipulação da notícia.”

 E este é mais um despacho.

 “Washington, 10 de abril (UPI). — Estou lendo informações da UPI (RISOS). “Ficaram divididas as relações entre os exilados cubanos e o governo do presidente John F. Kennedy”.

 “Funcionários do governo indicaram hoje que a causa da divisão o constitui a recusa dos exilados de aceitar a ordem de Kennedy de abandonar sua ação ofensiva contra Cuba”.

 “As mais altas fontes oficiais nesta capital estão profundamente preocupadas perante a possibilidade de que os revolucionários cubanos” — revolucionários!? — “e o público norte-americano cheguem à conclusão de que o governo está aplicando uma política branda com o regime do primeiro-ministro Fidel Castro. Mas a maior preocupação dessas autoridades é que, caso aceitarem as exigências dos exilados de que se efetue uma rápida invasão a Cuba, ou que sejam apoiados seus ataques contra o território cubano, isso os colocará na posição de permitir que os exilados determinem a política do governo dos Estados Unidos relativamente a Cuba.

 “A controvérsia, que começou quando o presidente Kennedy proibiu os exilados de abandonarem o território norte-americano, complicou-se ontem à noite quando o governo anunciou que tinha rechaçado a exigência do dr. Miró Cardona, presidente do Conselho Revolucionário Cubano, no sentido de que os Estados Unidos apoiassem uma rápida invasão a Cuba.

 “Miró Cardona apresentou sua demissão” — eu não sei do que se demitiu (RISOS) —, “durante uma reunião do Conselho, que se prolongou a noite toda. A demissão foi rechaçada numa comunicação emitida pouco antes do amanhecer, na qual também foi denunciada firmemente a política norte-americana relativamente a Cuba.

 “Os funcionários do governo admitiram que isto criava um problema o bastante incômodo, pois Miró Cardona e o Conselho foram o instrumento” — diz aqui a informação da UPI —, “foram o instrumento escolhido pelo presidente Kennedy para a execução da invasão pela Baía dos Porcos”.
 Creio que não há nada que explicar, nada, tudo está clarinho. Sublinharam, não obstante, que é possível que Miró Cardona já não desempenhasse uma função reitora nem no movimento dos exilados nem em Cuba — isso será um segredo? (RISOS) — caso as circunstâncias requerissem de uma figura centralizadora” — não nasceu nem ainda nascerá (APLAUSOS).

 “Devemos aceitar o fato de que os líderes de ontem não serão os líderes da batalha de amanhã, sublinhou um funcionário que ao mesmo tempo elogiou a paciente e valente atuação que teve o líder no passado” — como vocês sabem, ele nem soube quando se produziu a invasão pela Baía dos Porcos. “Afirmou que estava convicto de que Miró Cardona refletiu a frustração e a amargura de muitos exilados, quando apresentou ao governo seu suposto ultimato na semana passada.

 “Segundo funcionários do Departamento de Estado, Miró Cardona ameaçou de demitir, a não ser que o governo norte-americano entregasse US$ 50 milhões para organizar a invasão militar a Cuba, ou lhe garantisse a total participação norte-americana em um plano de invasão”.

 O que é que dirá a história acerca destes senhores? O que é que dirá a história destes senhores que brigam com o governo dos Estados Unidos — segundo explica um funcionário do governo dos Estados Unidos — porque o governo dos Estados Unidos não aceita entregar-lhes de imediato US$ 50 milhões para preparar uma invasão — e realmente não entendemos estes cálculos, porque os homens e armas que possam mobilizar com US$ 50 milhões durarão menos de 50 minutos aqui no território nacional (APLAUSOS) — ou lhes garante uma total participação norte-americana em um plano de invasão?

 Quer dizer, brigam porque não invadem Cuba. Na história deste país, e é possível que na história de nenhum país se tenha podido observar os burgueses e os reacionários tendo um papel tão miserável e tão desavergonhado. Rompem as relações porque não invadem Cuba, porque não acedem a uma invasão imediata a Cuba.

 Creio que isto, por si só, é suficiente como para explicar que hajam 500 organizações. Com esta falta de pudor, com esta falta de vergonha, com esta falta de patriotismo, com essa nudez total de pessoas que não escondem seu espírito traidor e criminal contra a pátria.
 Naturalmente que a informação diz que esta é uma situação incômoda para o governo dos Estados Unidos. Mas, por que é uma situação incômoda para o governo dos Estados Unidos? Simplesmente porque o governo dos Estados Unidos “criou corvos”. “Cria corvos e vão tirar-te os olhos”. (APLAUSOS).

 O governo dos Estados Unidos, seguindo uma política agressiva e hostil contra nosso país, tentou utilizar como instrumentos estes desertores da pátria, este dejeto que a sociedade cubana enviou à “lixeira” de Miami. E daquela “lixeira” tentaram achar os meios, os pretextos e os instrumentos para agredir nosso país.

 Ao fazerem isto, os Estados Unidos violaram as leis, as lei internacionais, converteram-se em agressores de Cuba e criaram no Caribe uma situação de tensão, uma situação de perigo para a paz, de perigo tal, que esteve prestes a desencadear uma guerra mundial.

 Quem ensinou estes “vermezinhos” a violar as leis internacionais? Quem os ensinou a ser piratas? Quem os ensinou a pintar aviões com insígnias cubanas para atacarem nosso território? Quem lhes forneceu as armas, os navios e os equipamentos com os quais realizavam seus atos de pirataria? Quem os inspirou, quem os financiou, quem os alentou? Mas chegou um momento em que os “corvos” começaram a debicar nos olhos dos imperialistas; chegou um momento em que os “corvos” pretenderam determinar acerca da política que devem seguir os imperialistas; chegou um momento em que os “corvos” quiseram agir por sua própria conta, isto é, chegou um momento em que fugiram do controle dos imperialistas. E ao fugirem do seu controle começaram a criar problemas aos imperialistas.

 Não era o mesmo quando agiam seguindo a política imperialista e as ordens imperialistas e os planos traçados pelo Pentágono e aprovados pelo governo dos Estados Unidos, do que quando começaram a fazer planos por sua própria conta. Não era a mesma coisa quando atacavam uma instalação cubana com aviões ou navios, ou quando lançavam armas em paraquedas por conta da CIA, a quando por sua própria conta os contrarrevolucionários começaram a agir com todos os recursos e os meios que lhes haviam dado. 

 E, naturalmente, como o problema de Cuba se tinha convertido em um problema muito delicado, de ordem internacional; como o problema de Cuba se tinha convertido em um dos problemas mais perigosos para a paz mundial, quando os imperialistas tinham que medir mais seus atos, e quando a política de agressão planejada pelos imperialistas não coincidia com as ações sem controle dos contrarrevolucionários, ocorreu o que inevitavelmente tinha que ocorrer dentro de uma política sem princípios, dentro de uma política agressora, dentro de uma política imoral, dentro de uma política cheia de contradições.

 E essas contradições explodiram, inevitavelmente. Explodiram quando colidiram como deviam colidir e eis os resultados.

 Acaso significa que os imperialistas já abandonaram seus planos de agressão a Cuba? Não! Significa que o problema se tornou mais complexo, se tornou mais delicado e perigoso, e os imperialistas querem manejar o problema à sua maneira e não à maneira que querem manejá-lo os contrarrevolucionários. 

 Quem não saiba, qualquer pessoa que conheça esses elementos, acaso não sabe que esses indivíduos iam acabar fugindo do controle dos próprios imperialistas? Agora soube-se o nome dos elementos que dirigiam esses ataques piratas e nós conhecemos bem demais esses elementos.

 Um dos chefes era o senhor Eloy Gutiérrez Menoyo (EXCLAMAÇÕES). Nós conhecemos bem demais este senhor, como foi, e como o definiu nosso companheiro Camilo Cienfuegos, qualificando-o de um perfeito “come vacas” (RISOS). Quanto a este senhor nós lembramos alguns antecedentes, no começo da Revolução, quando começou a dar-nos dores de cabeça, não já falando das dificuldades que criaram, quando ele e seu grupo todo começaram a viver livremente no nosso país, a fazer o que mais gostavam, entregando patentes militares aos montes, entregando postos, prebendas, etecétera, pois este senhor é uma sorte de aventureiro que numa ocasião criou certas dificuldades ao governo cubano. Sabem por que? Porque teve a ideia de organizar umas guerrilhas na Espanha contra Franco; com tal motivo resolveu determinados recursos, viajou à Bélgica e começou a organizar uma coisa descabelada e completamente absurda.

 E o único que resultaria disso era criar problemas de tipo internacional ao governo cubano. E com motivo destes fatos, ao seu retorno a Cuba, onde não sei se vocês lembrarão que começou a fazer uma coleta para ajudar à libertação da Espanha, tivemos a necessidade de proibir-lhe a referida coleta e advertir-lhe seriamente que o governo de Cuba não toleraria tais descabeladas atividades.

 Quem ia dizer que este senhor, que começou organizando uma guerra de guerrilhas contra Franco, acabaria nos Estados Unidos organizando ataques piratas contra Cuba. Que estranho é tudo isso, que raro, já o homem não é antifranquista, já o homem nem se lembra de Franco, ou não se sabe, e resulta que acabou nas Bahamas; veja-se bem, não acabou nem na Espanha nem em Cuba, porque sabe o suficiente. Ao que parece pensou que era muito melhor trabalhar pago pelos imperialistas do que ser redentor na Espanha.

 E, naturalmente, não pensou em desembarcar em Cuba, porque sabe o suficiente como para não fazer isso; e então inventou uma coisa sui generis; operar a partir das ilhotas das Bahamas, ao amparo do pavilhão de sua majestade britânica; e ao amparo da bandeira que marca a jurisdição da Inglaterra sobre essas ilhotas, começou a realizar suas malfeitorias.

 É claro que era lógico esperar isso desses senhores; porque esses senhores sabem que caso entrarem aqui não escapam; sabem que não podem vir aqui comer vacas, porque em qualquer momento, quando estejam matando uma vaca, chegam nossos soldados, que não são os soldados de Batista (APLAUSOS) e que se na época de Batista eles puderam viver e enganar, esse não é o caso que têm neste momento.

 Eu lembro que uma das coisas que diziam muitos camponeses era: os soldados de Batista não entram no matagal, mas os soldados do Exército Rebelde saíram mesmo do matagal (APLAUSOS), e entram mesmo no matagal, se for necessário, e nas grutas e nos esconderijos; e não há obstáculos, não há caminhos que não percorram, que não sejam capazes de percorrer nossos combatentes.

 E por isso, estes senhores se dedicaram a operar a partir das Bahamas enquanto o governo inglês os tolerou ou até que o governo inglês soube disso. Naturalmente, nós não pensamos que o governo inglês tenha sido cúmplice dessas malfeitorias; nós não pensamos que ninguém na Inglaterra, nenhum homem de Estado inglês possa conceber que um Menoyo qualquer volte a reviver, passados quatro séculos, os tempos de Francis Drake ou Jacques de Sores, salvando a distancia entre um Drake e um Menoyo (RISOS e APLAUSOS). Porque aqueles corsários daqueles tempos, que se aventuravam pelos oceanos em frágeis embarcações, tinham fama de serem homens valentes; não estes senhores que andam em barquinhos com motor, bem abastados, bem protegidos, bem financiados, atacando à noite, não apresentando nunca a cara ao combate e operando em um mar que está infectado de navios de guerra e aviões dos Estados Unidos.

 Por isso não pensamos que o governo inglês tenha sido cúmplice dessas atividades, e não há dúvidas de que o governo inglês teria agido contra esses piratas. E nós pensamos que essa é uma posição séria do governo inglês a favor da paz e para evitar incidentes; porque tampouco iam viver eternamente nessas ilhotas das Bahamas atacando Cuba (APLAUSOS); e tampouco nós íamos ficar de braços cruzados, e permitindo que a partir de bases determinadas estivessem lançando ataques bélicos contra nosso país e contra a navegação que traz suprimentos a nosso país. E por isso entendemos que a atitude do governo inglês tem sido a correta e em bem da paz no Caribe (APLAUSOS).

 Ao que parece, o governo dos Estados Unidos também adotou medidas; as razões eram as que eu explicava há um momento: a contradição entre seus planos e a atuação pela própria conta dos contrarrevolucionários descontrolados. 

 Os ataques piratas estavam gerando sérios riscos de incidentes, e com motivo dessas atividades já se tinham produzido dois incidentes entre aviões cubanos e navios norte-americanos.

 Com motivo do último incidente, em que devido a um erro, e a um erro verdadeiro — não um erro inventado — um navio mercante norte-americano foi fustigado por aviões cubanos em meio de uma confusão, o governo de Cuba explicou detalhadamente o incidente, lamentou-se o incidente, e ainda declarou que adotaria medidas a fim de evitá-los, ao mesmo tempo que indicava a responsabilidade do governo dos Estados Unidos pelos fatos que originavam esses incidentes.

 Algumas agências norte-americanas publicaram informações dizendo que, evidentemente, Castro desejava evitar um incidente com os Estados Unidos, e que também os Estados Unidos desejavam evitar incidentes. Não é nenhum segredo que nós desejamos evitar incidentes com os Estados Unidos ou com qualquer outro país; não é nenhum segredo que nós não queremos uma guerra, porque o mais absurdo é pensar que nós queremos uma guerra; que nós estamos ignorando todas as consequências de uma guerra e todos os sofrimentos para nosso país e para nosso povo de uma guerra.
 
 Nosso país nunca desejou uma guerra. Por isso parecia estranho, tal como se o ignorassem, tal como se descobrissem algo, quando afirmavam que aparentemente Cuba desejava evitar um encontro armado com os Estados Unidos. Tampouco tinha nada de estranho que nós explicássemos o incidente, pois nós nunca temos praticado a política da pirataria, a política de fustigamento à navegação pacífica, e nós nem sequer como retaliação, nem sequer como desforra podíamos agir devolvendo uma malfeitoria com outra malfeitoria, porque essa nunca tem sido nossa política. E é que isso é muito diferente da disposição em que tem estado nosso país de lutar e de combater em defesa de sua soberania.

 Nós nunca temos querido uma guerra; é a nós a quem impuseram uma política de agressão e de fustigamento. Nós tivemos necessidade de defender-nos e de estar prontos para defender-nos, e estaremos sempre prontos para defender-nos e dispostos a pagar qualquer preço que requeira a defesa da nossa pátria e de nossa Revolução (APLAUSOS), que é algo muito diferente de uma política de guerra e de uma política irresponsável.

 Porque quando em Girón nossos homens foram obrigados a combater, não era a culpa do país, era a culpa dos agressores. E todas as medidas que o país adotou têm sido para defender-se dos agressores.

 Acaso os imperialistas abriram mão dos planos de agressão? Não nos consta isso. Inclusive, em dias recentes, o presidente dos Estados Unidos declarou que por que estes senhores piratas não seguiam o exemplo daqueles que se haviam incorporado ao exército norte-americano. O que quis dizer com isso, ou que deixou escapar com isso? Acaso era um convite a se treinarem dentro do exercito norte-americano e fizerem parte de forças que um dia poderiam atacar nosso país? Esse aspecto não ficou muito claro.  Mas é realmente reveladora a informação de que poderiam servir melhor à sua causa entrando no exército dos Estados Unidos.

 Fica claro então que bem merecem os governantes norte-americanos a lição que estão recebendo, porque todas as situações incômodas de que fala a UP, todas essas contradições, esses problemas todos são consequência de sua política agressiva contra Cuba, de sua hostilidade contra Cuba. Nenhum desses problemas haveria surgido, nenhum desses problemas existiria, caso não ter existido a política de agressão e de hostilidade que vêm implementando contra nosso país, logo após o triunfo da Revolução. Nenhum desses riscos, entre outros o risco de uma guerra mundial, teria tido lugar sem essa política sistemática de agressão contra nossa pátria, que obrigou nosso povo a procurar os meios e as formas adequadas para garantir sua segurança.

 E enquanto existir esse perigo nós continuaremos procurando os meios e as formas adequadas para garantir nossa segurança (APLAUSOS).

 Contudo, objetivamente, pode-se dizer que as medidas adotadas pelo governo dos Estados Unidos para restringir ou para parar as atividades dos piratas, são um fato de caráter positivo. É um passo de avanço, pequeno se se quer, rumo à diminuição dos riscos de crise e de guerra. E como nós devemos examinar objetivamente os fatos, por isso devemos afirmar que é um passo positivo. E poderia dizer-se que dos cinco pontos já temos conseguido um (APLAUSOS). Faltam quatro.

 E, naturalmente, o único sensato que poderiam fazer os governantes norte-americanos, o único que contribuiria a uma verdadeira solução da crise, que por ocasiões se tornou aguda e que fica latente, é o cessar das violações e das agressões contra nossa Revolução e nossa pátria. Agressões que nos têm obrigado a dedicar o grosso das nossas energias à defesa do país, o melhor de nosso esforço à defesa do nosso país, grande número de companheiros responsáveis e competentes à defesa do país. Porque a defesa do país tem sido uma das tarefas fundamentais destes anos, imposta por causa da agressão dos imperialistas.

 Tomara que aprendessem estas lições, tomara que lhes sirva para algo estas experiências!, se é que têm a capacidade mínima de aprendizagem, porque a história, o decurso dos acontecimentos, os fatos, nos estão dando a razão. E acima de toda a propaganda caluniosa, acima das mentiras que espalham contra Cuba, eis os fatos, o que ocorre aqui e o que está ocorrendo no resto da América; o porvir claro e sem sombra que forjamos aqui, e as tempestades que se produzem na América Latina.

 E onde estão vários daqueles governantes que serviram de instrumento aos imperialistas? Onde estão vários daqueles governantes que um dia — cumprindo ordens de Washington — romperam relações com nossa pátria? Onde está Frondizi, onde está Prado, onde está Ydígoras? (VAIAS). E assim sucessivamente poderemos perguntar amanhã, algum dia não longínquo, onde estão os demais. Porque a Revolução está aqui, firme e forte como nunca, invencível como nunca (APLAUSOS), enfrentando o ataque dos imperialistas e a cumplicidade dos oligarcas corruptos doutras nações da América Latina.

 Porque vão sendo vítimas de suas próprias contradições, vítimas da passagem demolidora da história, em situações também incontroláveis, porque aos imperialistas acontece com os “gorilas” a mesma coisa que acontece com os “vermes” (contrarrevolucionários): que os “gorilas” também de vez em quando fogem do seu controle, ou os países da América Latina são vítimas das contradições entre o Pentágono e o Departamento de Estado. Porque às vezes, se percebem claramente duas políticas: a política do Departamento de Estado e a política do Pentágono. Cada um destes departamentos tem seus agentes e tem suas cartas. E as missões militares estão muito relacionadas com os “gorilas”; e às vezes, quando o Departamento do Estado tem um plano, vêm os “gorilas”, ligados com seus congêneres do Pentágono e fazem fracassar o plano.
 
 E assim, tinham o plano de colocar um sujeito chamado Haya de La Torre no Peru, farsante, demagogo, instrumento do Departamento do Estado, mas vieram os “gorilas” — tão reacionários quanto ele — e o plano foi por água abaixo.

 E vieram os “gorilas” na Argentina e também fizeram fracassar seus planos. E na Guatemala, o Departamento de Estado propunha Arévalo. E vieram os “gorilas” e seus planos foram por água abaixo.

 Quem é Arévalo? Arévalo é tal como Betancourt; Arévalo é tal como Figueres, Arévalo é a mesma coisa que Muñoz Marín. E Arévalo era o Betancourt da Guatemala, o candidado do Departamento de Estado que, diante da tese dos “gorilas”, pretende levar adiante a tese dos chamados “democratas de esquerda”. Vejam que tipo de democratas e que tipo de esquerdistas esses, que até a alma vendem aos imperialistas! Mas os do Departamento do Estado pensam que são melhores instrumentos para sua política. 

 Conhecemos bem Arévalo; há algumas histórias dele. Quando Batista deu o golpe de Estado, em 10 de março, não passou muito tempo sem que o senhor Arévalo fizesse uma visita ao senhor Batista. Quando a Revolução triunfou, e tendo presente esse fato, nós éramos renitentes a falar com esse senhor, que tinha vindo a Cuba poucos dias depois do triunfo da Revolução; e a pedido dalguns companheiros resolvemos finalmente conversar com esse senhor, acerca do qual tínhamos uma ingrata recordação de sua visita a Batista.

 Este senhor, não obstante, tinha escrito um bom livro contra o imperialismo, intitulado “O Tubarão e as Sardinhas”. Considerando o valor objetivo do livro, um dia tentamos obter sua licença para publicar o livro em nosso país. Mas já o imperialismo acirrava suas campanhas contra Cuba, e como este senhor é um oportunista e um farsante, nem sequer quis ter comunicação com Cuba; e tivemos, portanto, a necessidade de publicar o livro sem sua permissão (APLAUSOS), independentemente do seu autor.

 Depois, todos nós sabemos, qual tem sido sua política: a de andar pelo mesmo caminho que já andou Betancourt; parceiro de Betancourt e de Muñoz Marín, instrumento do Departamento de Estado, inimigo jurado da Revolução Cubana, contra a qual tem feito reiteradas declarações; diferentes em nada, pois perseguem os mesmos objetivos que a junta militar, que os “gorilas” que desferiram o golpe. Foi uma jogada suja dada pelos instrumentos do Pentágono aos instrumentos do Departamento do Estado.

 O povo da Guatemala não perdeu nem ganhou nada. Mas o exemplo ilustra e demonstra até que grau se acirram as contradições entre os imperialistas e as sociedades oligarquias da América Latina.

 A Revolução Cubana não tem dúvidas: tão inimigos do povo da Guatemala são os “gorilas” como era o senhor Arévalo; e para que não haja nenhuma confusão: essa é a opinião do Partido cubano! (APLAUSOS). E nosso povo tem que aprender a compreender os acontecimentos; tanto os acontecimentos nacionais, o processo nacional, quanto o processo internacional e, no particular, o processo da América Latina. Não devemos deixar-nos levar por raciocínios oportunistas; nosso povo deve aprender a fazer raciocínios objetivos e raciocínios corretos acerca destes acontecimentos.

 Definitivamente, há um fato evidente: a Revolução se desenvolve, se desenvolve em força e em consciência; a Revolução se une e o inimigo se enfraquece, o inimigo se divide.

 A história nos está dando a razão. E que grande lição é comparar como nosso povo marcha vitorioso, com o futuro tão brilhante que sejamos capazes de criar, com um porvir tão próspero como sejamos capazes de construir, perante o caos, a falta de esperança, a frustração e as sombras que escurecem o presente de muitos povos irmãos da América Latina!

 E é porque nós temos do nosso lado a verdade, é porque nós estamos do lado da história, é porque nosso povo cresceu em meio das dificuldades. Não significa, não, que façamos tudo bem; não significa que todos nossos problemas estejam resolvidos; não significa que seja um caminho isento de obstáculos o que temos pela frente.

 Mas a pergunta que devemos fazer-nos, a pergunta que se deve fazer cada cidadão, e o povo todo, é esta: o que é o que não possamos fazer, o que é o que não pode fazer um povo quando é realmente dono do seu destino?

 E essa é a diferença de nosso povo com outros povos irmãos: que somos donos de nosso destino e teremos o que nos disponhamos a ter, o que estejamos dispostos a criar. E não teremos o que não sejamos capazes de ter (APLAUSOS), porque nas mãos de cada homem e mulher, na inteligência de cada homem e mulher cubanos, no coração de cada cubano e de cada cubana, está hoje o porvir.

 E não chamamos cubanos àqueles que desertaram da pátria; não chamamos nem jamais serão chamados cubanos os que imploram a agressão criminosa contra a pátria, aos desertores e covardes, que são uns poucos. Chamamos cubanos aos que nesta hora, na qual pela primeira vez se podia ser cubano de verdade foram cubanos, e não àqueles que diziam serem cubanos, quando Cuba não era Cuba nem era de Cuba (APLAUSOS).

 E no nosso esforço está o porvir. E esse é o esforço que estamos fazendo e o esforço que devemos dobrar e triplicar. Porque nós devemos pensar que nosso povo é um povo capaz, que nosso povo é um povo inteligente e esforçado.

 E ensinar teoria revolucionaria é ensinar isto, adquirir consciência revolucionaria é adquirir isto, e adquirir prática revolucionaria é aprender a resolver as inúmeras questões que se nos apresentam, partindo das realidades e com os pés na terra.

 E nunca esqueça um revolucionário, nunca esqueça um marxista, que o primeiro é pisar terra firme sobre as realidades, e dessas realidades partir. Realidades como estas que nos põem pela frente nossos problemas econômicos, problemas de um país subdesenvolvido, sem indústrias, dependendo fundamentalmente de um único produto, a cana e o açúcar que dela é extraído. E partindo dessas realidades é que temos que avançar.
 Não esquecer essas realidades; não viver nas nuvens, mas sim viver na terra. Saber quais são nossas tarefas de agora e resolvê-las, saber quais serão nossas tarefas de amanhã e resolvê-las.

 E assim, por exemplo, as safras constituem uma das nossas grandes tarefas de agora. Safras que antes faziam centenas de milhares de homens sem trabalho, homens que hoje estão realizando inúmeras tarefas de diferentes tipos. Mas como é preciso cortar a cana e como o açúcar era e é, ainda, a base fundamental da nossa economia, a tarefa de um povo que liquidou o desemprego, onde já não existe mais essa reserva de desocupados para irem realizar os trabalhos mais fortes, sob o risco de morrer de fome, a safra se torna uma tarefa fundamental do país. Será neste ano e será no ano que vem, e será durante vários anos.

 E como ainda não temos as máquinas, as colheitadeiras em número suficiente, nem as máquinas colheitadeiras em número e qualidade suficientes, por isso agora temos esta tarefa e será a do ano que vem. De maneira tal que nosso povo, partindo dessa realidade, não dormindo à sombra da bananeira, deverá se mobilizar nos anos futuros, tendo como eixo a safra. Fazer o esforço que nos falta por fazer neste ano, e no ano próximo, em que teremos mais cana, mobilizar as forças da nação para o objetivo fundamental.

 E nestes dias, com motivo dos feriados tradicionais, é preciso evitar que diminua o ritmo dos cortes. E é preciso fazer o esforço. Nossas organizações de massa, nossas Forças Armadas Revolucionárias, todas nossas forças sociais hão de fazer o esforço, porque isso é o que nos impõe a realidade presente e a realidade próxima.

 Já nos anos futuros as máquinas substituirão, no fundamental, o enorme número de braços que hoje emprega essa tarefa. Mas é preciso cortar a cana, e não são as máquinas agora, são os braços os que fundamentalmente têm que cortá-la (APLAUSOS).

 E estas são as realidades que o revolucionário deve ver, que o revolucionário deve compreender, que as organizações de massa devem compreender, que nosso Partido há de ter como fundamental objetivo, porque são as tarefas que cabem o nosso povo no presente.

 Durante estes anos nós tivemos que defender-nos, tivemos que resolver inúmeros problemas, tivemos que produzir para as massas nas condições de um país subdesenvolvido, tivemos que criar as bases do futuro. E essas realidades são as que vocês devem ter muito presentes, companheiras e companheiros. Porque nosso povo há de ser capaz de criar seu futuro, nosso povo há de ser capaz de superar suas dificuldades.

 E temos de entender a economia, temos de compreender as realidades econômicas. E é dever de vocês se preocuparem por essas questões, estudar essas questões de maneira que cada cidadão compreenda que os problemas não se resolvem — os problemas econômicos — simplesmente sentados numa repartição, que para resolvermos todos os problemas são muito diferentes as tarefas que é preciso realizar, de um tipo e de outro, uns numa usina, outros numa lavoura, outros num hospital, outros numa escola. E assim devemos distribuir-nos, e assim devemos cumprir com os nossos deveres.

 E, naturalmente, encontramo-nos num país onde o trabalho estava mal distribuído, os ingressos mal distribuídos; e nosso país era um caos. Dessas situações, não se sai de um dia para o outro. Isso nos coloca pela frente um esforço de anos, uma luta de anos para irmos organizando nossa economia, racionalizando nosso esforço, conseguindo que cada homem e mulher entreguem o máximo dentro da sociedade para que o povo possa ter o máximo de benefícios, o máximo de bens.

 Tal como dizia o”Indio” Naborí. “Não se vem receber, vem se dar, não se vem a não ser a aprender”. Isso é o que vocês nas escolas, nas organizações de massa, no Partido, como revolucionários, como vanguarda, devem ter presente; o dever forte que temos que cumprir. Não importa aqueles que não cumprirem, não interessam os fracos, não interessam os pobres de espírito. Vocês são a vanguarda, vocês são os que em todos lados traçarão o caminho, irão na frente, serão o exemplo.

 E hoje, que acabam um curso, mas que, como aqui foi assinalado, não fazem senão começar, o que fazem é achar novas perspectivas por onde continuar avançando e por onde continuar estudando, deve ficar nas mentes de vocês que conseguiram fortalecer seus conhecimentos teóricos, que estudaram, que pela frente temos o trabalho, pela frente temos a aplicação desses conhecimentos que adquiriram, pela frente temos a vida, pela frente temos a Revolução, pela frente temos o porvir, que será tão brilhante e será tão promissório para nossa Pátria como sejamos capazes de sabê-lo construir.

 Pátria ou Morte!

 Venceremos!

 (OVAÇÃO)

Versões Estenográficas – Conselho de Estado