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Díaz-Canel: «O caminho está cheio de desafios e adversidades que somos obrigados a enfrentar e superar com espírito de vitória»

«Em um mundo pós-pandemia, que, idealisticamente, esperava-se que fosse um mundo de maior cooperação e solidariedade, tornou-se o oposto: um mundo onde muros estão sendo construídos em vez de pontes, onde as desigualdades estão crescendo, as guerras estão sendo incentivadas e os bloqueios estão se intensificando. Em um mundo assim, não somos uma bolha».
 
Essas foram as palavras iniciais de Miguel Díaz-Canel Bermúdez, primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e presidente da República, falando, em 24 de maio, no dia anterior à 2asessão extraordinária da 10ª Legislatura da Assembleia Nacional do Poder Popular (ANPP).
 
Nessa complexidade, acrescentou, «o bloqueio foi intensificado no segundo semestre de 2019, e fomos incluídos em 2020 em uma lista espúria, que considera Cuba como um país patrocinador do terrorismo, que responde a dois pretextos: os chamados ataques sônicos a funcionários da embaixada dos EUA em Cuba e a permanência no país de uma delegação guerrilheira do Exército de Libertação Nacional da Colômbia.
 
Denunciou a lógica imperialista que tem sido aplicada agressivamente pelo governo dos Estados Unidos contra Cuba, e que tem incluído, em termos econômicos, a intensificação do bloqueio, a perseguição financeira e energética, a pressão, a inclusão na lista de países terroristas e a asfixia econômica do país, com o objetivo de provocar o descontentamento popular.
 
Em termos ideológicos, ressaltou, «isso tem sido caracterizado por uma campanha de mídia para desacreditar o país, o incentivo ao ódio, às mentiras, ao engano e à calúnia, e tentativas de colonização cultural, tudo com o objetivo de isolar a Revolução Cubana».
 
CONTINUIDADE DA CONSTRUÇÃO SOCIALISTA
 
«Diante dessa lógica imperialista agressiva», enfatizou Díaz-Canel, «o país seguiu o caminho da construção socialista contínua, combinando o desafio entre a alternativa necessária e a possível no processo e no projeto».
 
Enfatizou a defesa da independência e da soberania nacionais, a resistência criativa, a luta para alcançar a maior justiça social possível, o papel fundamental da empresa estatal socialista, a participação popular e dos trabalhadores e o trabalho em prol da prosperidade.
 
O chefe de Estado enfatizou que 2023 está sendo um ano difícil, mas, para torná-lo melhor, concentrou-se no acompanhamento e no cumprimento do que foi acordado no 8º Congresso do Partido, enquanto importantes processos sociais e políticos ocorreram, como o referendo sobre o Código da Família, as eleições municipais, as eleições de deputados e a constituição da nova Assembleia Nacional do Poder Popular.
 
Díaz-Canel disse que um dos objetivos de trabalho para este ano é superar a complexa situação econômica e social com uma garantia política abrangente do Partido que seja exigente, que estimule a compreensão e a participação do povo, fortaleça a unidade nacional, aumente a esperança, promova a melhoria do funcionamento da ANPP e favoreça uma gestão governamental ágil e eficaz.
 
Refletiu que sim, devemos mudar tudo o que precisa ser mudado, mas sem sair do caminho comprovado, «sem nunca nos afastarmos do conceito de Revolução, mas livres de amarras rígidas e conscientes de possíveis mal-entendidos. A continuidade geracional é uma parte fundamental da unidade», acrescentou.
 
CINCO DIREÇÕES FUNDAMENTAIS
 
«Em um momento como este, ousamos propor cinco direções fundamentais e interrelacionadas: desenvolvimento econômico, atenção aos problemas sociais, fortalecimento institucional, trabalho com os líderes e fortalecimento ideológico».
 
«Outra das prioridades para estabilizar os indicadores econômicos e sociais é promover a produção e a comercialização de alimentos locais», disse o Presidente da República, referindo-se à situação atual do país nessa área.
 
Disse que os alimentos de que a nação precisa devem ser produzidos localmente e indicou que, entre as ações para alcançar isso, é urgente atualizar a conceituação da agricultura, recuperar o papel da empresa agrícola estatal e promover um sistema de pagamento voltado para os produtores em nível local, a fim de alcançar a soberania alimentar.
 
Também visou desenvolver mini-indústrias, promover o autoconsumo, criar sistemas de produção locais sólidos e eficientes e aumentar a produtividade nos setores estatais e não estatais.
 
No âmbito do desenvolvimento econômico, o presidente da República referiu-se à situação atual de preços altos no país.
 
«Idealmente, para que os preços melhorem, deveríamos produzir mais», disse.
 
A esse respeito, criticou o caráter abusivo dos preços e aqueles que se aproveitam da oportunidade para enriquecer.
 
«Isso deve ser enfrentado», disse. E indicou que as medidas aprovadas pelo Conselho de Ministros devem ser asseguradas e implementadas, a coleta e a comercialização pelo Estado devem ser melhoradas, a contratação deve ser melhorada, as trocas devem ser mantidas com os atores da comercialização e as vendas ilegais e o mercado ilegal de câmbio devem ser evitados, apontou.
 
Em outra parte de seu discurso, o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido disse que há uma atualização do programa de desenvolvimento do turismo, no qual as visões da área foram incluídas, conectando vendas, negócios e turismo de saúde, e o desenvolvimento de modalidades de turismo sustentável foi discutido.
 
«No caso do comércio exterior e do investimento estrangeirotemos de nos livrar da imobilidade que temos visto em diferentes organizações e instituições do país a fim de levar adiante os projetos de investimento estrangeiro», indicou.
 
Disse que analisaria esses projetos com financiamento internacional, bem como os projetos que foram retidos para serem resgatados com investimento estrangeiro.
 
Afirmou que, em visitas ao exterior, quando nos reunimos com nossos funcionários e diplomatas, uma das queixas recorrentes é a passividade, o atraso e até mesmo a indiferença das instituições e agências para responder aos interesses de cooperação e investimento com nosso país.
 
«Como um país bloqueado nas condições em que nossa economia opera pode se dar a tais luxos?», questionou o chefe de Estado, acrescentando que será exigida responsabilidade nos locais em que vemos essa indolência.
 
No pilar da assistência social, o primeiro-secretário do Partido referiu-se ao trabalho social, às famílias e às pessoas em situação de vulnerabilidade, à política da juventude, bem como à elaboração de um sistema de confronto popular e com mais rigor nos processos criminais e na análise em nível comunitário.
 
Com relação ao fortalecimento institucional, especialmente na ANPP, solicitou o cumprimento de tudo o que foi aprovado nas sessões parlamentares, as visitas trimestrais dos deputados à base, o processamento e o acompanhamento dessas visitas, a resolução dos problemas levantados, a prestação de contas por parte das administrações, bem como a transparência dos orçamentos e sua execução.
 
Como havia dito na 6asessão plenária do Partido, Díaz-Canel reiterou que o caminho a seguir está cheio de desafios e adversidades, que temos a obrigação de enfrentar e superar com espírito de vitória, com esforço e talento, com determinação, união e criatividade; cada um fazendo sua parte, incentivando, motivando e demonstrando que é possível. «É assim que alcançaremos a vitória», concluiu.

Fonte: 

Periódico Granma

Data: 

25/05/2023