Discursos e Intervenções

DISCURSO PROFERIDO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO RUZ NO ATO DE HOMENAGEM ÀS MÃES DOS BOLSEIROS, NA CIDADE LIBERDADE, A 13 DE MAIO DE 1962

Data: 

13/05/1962

Mães cubanas;
Companheiros e companheiras estudantes: 
Sinto muito que esta tribuna seja tão baixinha que apenas nos possamos ver. Sempre existe alguma deficiência, e neste caso a deficiência foi que construíram a tribuna muito pequena, e resulta que não é suficientemente alta para poder tornar mais cômoda esta reunião entre nós. 
Havia tempo que tínhamos a idéia de efetuar esta assembléia com os estudantes bolseiros. Ao princípio, quando começaram as aulas, a idéia era reunir-nos por aqueles dias, mas resultava muito difícil, em primeiro lugar, porque estava tudo por organizar e, em segundo lugar, companheiros, porque vocês são bastantes, são um número considerável e não resulta facilmente mobilizável. 
Mas era necessária a reunião, e os companheiros e as companheiras que estão dirigindo o plano de bolseiros consideraram que o melhor dia para efetuar esta reunião era precisamente hoje, no Dia das Mães, para realizar uma reunião entre vocês e os familiares de vocês, com um ato talvez mais bem simbólico, porque naturalmente que muitos, a maior parte dos familiares de vocês se encontram no interior da república, e não era possível que se reunissem aqui todas as mães e todos os familiares. Há uma representação daquelas famílias da capital, ou dos lugares mais próximos à capital, mas não lembro de todos nós, no pensamento de todos nós estão presentes todas as mães e todos os familiares dos companheiros bolseiros. 
Naturalmente que quando se fala os familiares dos companheiros bolseiros, praticamente se está falando de todo o povo, visto que é difícil que hoje tenha uma família, tenha uma pessoa que não tenha um irmão, um filho, um primo, algum familiar achegado entre vocês. Para nós tem sido de muita satisfação em algumas ocasiões chegar a um centro de trabalho, a um edifício em construção, por exemplo, reunir-nos com os trabalhadores e perguntar-lhes se eles têm familiares aqui entre os bolseiros, e ver que a maior parte dos trabalhadores assinalam que têm familiares. Ora trabalhadores da construção, pescadores, em fim, dos setores mais humildes do trabalho nos temos encontrado com que têm familiares entre os estudantes. 
Isso quer dizer que este programa de educação tem vindo a significar a oportunidade de estudar para os filhos das nossas famílias mais humildes. 
Na verdade resulta impressionante, companheiros e companheiras, uma multidão de estudantes como a que se reúne aqui no dia de hoje. É possível que muito poucas vezes se tenha visto um espetáculo semelhante, é possível que nossa Revolução se possa considerar uma Revolução afortunada, do momento em que pode levar adiante um plano de educação tão gigantesco como este, mas também deve dizer-se que isso significa que nosso povo se pode considerar por isso também um povo afortunado, porque nenhuma outra coisa pode dar idéia do porvir da nossa pátria, que um fato como este, que uma concentração como esta. 
Esta concentração, por sua magnitude, revela a pujança da Revolução, a força da Revolução, as energias que a Revolução está acumulando para o futuro, os valores que a Revolução está criando para o amanhã. 
Para nós, homens do Governo Revolucionário, que sabemos que a tarefa de fazer uma revolução é uma tarefa difícil, que sabemos que o caminho de uma revolução é um caminho longo e duro, que sabemos como é o presente e sabemos como será o futuro, compreendemos bem que o amanhã será diferente, compreendemos bem que o que hoje nos falta amanhã nos sobrará, compreendemos que as angústias de hoje quando necessitamos técnicos, quando necessitamos médicos, quando necessitamos engenheiros, arquitetos, quando necessitamos operários altamente qualificados para nossas indústrias, compreendemos que amanhã não será assim, compreendemos que amanhã —e em um futuro não muito longínquo— os técnicos que nosso país necessite se contarão por dezenas de milhares e algo mais, contar-se-ão por centenas de milhares. 
Amanhã nossa pátria terá o que não tem hoje, amanhã os governantes terão o que não temos hoje, amanhã nosso povo terá o que não temos hoje. 
Contudo, para nós é um motivo de íntima satisfação pensar que embora não sejamos, não temos hoje em nossas mãos o que terá amanhã a pátria, contudo, compensa-nos intimamente saber que não obstante estamos fazendo hoje o que amanhã terá nosso povo, estamos fazendo hoje o que amanhã terá a pátria. 
Nós, neste caso, estamos trabalhando principalmente para o provir, sabemos que o presente é de trabalho, sabemos que o presente é de luta, sabemos que o presente é de sacrifício; não estamos recolhendo hoje os frutos, mas hoje estamos plantando a semente, estamos arando sobre a terra da pátria e estamos plantando o amanhã da nação cubana (APLAUSOS). 
Por isso, não importa o que custar, não importa!, não importam os sacrifícios. Lá os impacientes, lá os que acreditam que uma revolução é a conquista do paraíso desde o primeiro dia e não compreendem que a revolução é simplesmente o direito a começar a construir um paraíso para o povo, um paraíso para a sociedade humana. 
Existem os impacientes, mas os impacientes são antes do mais ignorantes, antes do mais ignorantes. Tem duas classes de impacientes: o impaciente de má fé...; ou se quiser duas classes de impacientes de má fé, ou duas classes de impacientes em questões de fé: uma classe, o impaciente que tem má fé, que odeia a Revolução, que têm saudade dos privilégios abolidos pela Revolução; e outra, o impaciente que não tem fé, isto é, de que não por maldade, mas por pobreza de espírito lhe falta fé e lhe falta valor. E tem o impaciente por ignorância, que não é nem mau... mas também não pode se dizer que seja bom, visto que por ignorância, por não compreender o que é uma revolução, fica impaciente. 
E tem os que têm fé, tem os que compreendem, tem os que sabem que é uma revolução, e esses são naturalmente os que fazem as revoluções. 
Vocês, jovens, desejam saber quem são os que fazem as revoluções? São os homens que têm fé, são os homens que acreditam no homem, são os homens que acreditam nos povos, são os homens que acreditam nas massas (APLAUSOS), são os homens que acreditam que a humanidade progride, são os homens que acreditam que os povos podem redimir-se, são os homens que acreditam nas virtudes dos povos, no valor dos povos, no espírito criador dos povos, no heroísmo dos povos e na grandeza dos povos (APLAUSOS). E esses são os homens que marcham à vanguarda das revoluções. 
Os que não acreditam, os que são fracos de espírito, ou lhes falta fé por ignorância, ou os de má fé, esses são rêmoras para o avanço dos povos, são como âncoras lançadas nas profundezas do passado que tentam deter a nau dos povos para que não avance, para que não progrida. 
Aos que se desalentam pelas dificuldades presentes, aos que não têm fé, que olhem para esta multidão de jovens e se perguntem a si mesmos o que lhes diz isto (APLAUSOS), que se perguntem que quer dizer isto. Aos que têm saudade do passado, aos que têm saudade do jugo, aos que têm saudade dos seus amos, que se perguntem que quer dizer isto. Aos que acreditam que o passado possa ter oferecido mais do que o provir, aos que pensem que aquele passado miserável possa ser saudade de todo cidadão digno, que se perguntem que quer dizer isto. 
A Revolução tem apenas três anos e meio no poder, três anos e meio! O quê teria sido de nossa república, se com os inícios da república se tivesse podido começar uma obra como esta? Sessenta anos padeceu nossa pátria de opressão, de exploração, de privilégios irritantes; 60 anos de pobreza, 60 anos de ignorância, 60 anos de subdesenvolvimento, 60 anos de discriminação, 60 anos de exploração. 
Contudo, o quê será nossa pátria dentro de 10 anos? O quê será dentro de 20 anos? E que será desta terra e desta pátria e deste povo nosso, quando tenham decorrido 60 anos a partir de 1 de Janeiro de 1959? (APLAUSOS.) Com certeza que não será isto que nos deixaram, com certeza que não será o país pobre que nos deixaram que não produzia mais que açúcar e que tinha que importar tudo; que não será o país sem fábricas, que não será o país sem indústrias básicas, que não será o país de um milhão de analfabetos, que não será o país sem técnicos, sem profissionais suficientes, sem economia, como tem sido o país que nos deixou a exploração durante 60 anos. Porque já hoje, hoje, aos três anos e meio podemos dizer que não é o país do milhão de analfabetos mas o país sem analfabetos (APLAUSOS). É o país onde já se estão formando dezenas e dezenas de milhares de técnicos, o país que leva adiante com maiores ou menores obstáculos, mas leva adiante, seu programa de desenvolvimento econômico! 
A esses que têm saudade do passado de escravatura e de injustiça, de privilégio e de exploração, a essas rêmoras da história, a essas âncoras, nós, revolucionários, lhes apresentamos o país do amanhã. E o país do amanhã é este! O povo do amanhã é este! (APLAUSOS.) A visão do amanhã é esta!
Mas tem algo mais, mais fundo em tudo isto, tem algo mais emocionante ainda: Quem são os que se reúnem aqui hoje? Quem teriam sido se no passado se tivessem reunido os que estudavam nessas escolas, nessas escolas representadas aqui por cada um dos letreiros e dos cartazes que se levantam, e que levam os nomes de patriotas ilustres ou de homens ilustres da humanidade? Quem teriam sido? Haveriam se reunido os filhos dos ricos, haveriam se reunido os filhos dos milionários, haveriam se reunido os filhos dos privilegiados, porque esses eram os que podiam assistir a essas escolas, esses eram os que tinham o privilégio de poder estudar. 
E hoje os que se reúnem aqui são os filhos dos pobres da pátria, são os filhos dos humildes da pátria (APLAUSOS). 
E esse é o ódio, companheiras e companheiros, esse é o ódio que para com a Revolução sentem os exploradores de ontem, os privilegiados de ontem. Isso é o que não podem sofrer os que ontem tinham colégios de milionários, colégios de privilegiados, colégios onde a uma criança negra não lhe davam entrada, não lhe permitiam estudar. E esse é o ódio que sentem para com o povo, esse é o ódio que sentem para com a Revolução dos trabalhadores, para com a Revolução dos humildes. 
Porém não é que nós tenhamos negado o direito a estudar aos filhos dos poucos ricos que aqui tinha. Não, a Revolução não tem negado esse direito a nenhuma criança, a nenhuma criança lhe tem negado nem lhe negará jamais nenhum direito, independentemente de sua procedência social (APLAUSOS). 
Mas que preferiram esses aristocratas apaniguados? Que preferiram esses privilegiados? Que preferiram esses parasitos, esses que vivam aí por todas essas casas que vocês tão bem conhecem porque são as casas onde estão vivendo vocês agora? (APLAUSOS.) O quê preferiram os aristocratas de Atabey, de Siboney... —e antes não se chamava Siboney, mas Country Club, ou Country, Miramar, e uma série de nomes, que muitas vezes eram nomes americanos; igual que os colégios: "Ruston", "Merici" (EXCLAMAÇÕES), eram nomes ianques? O quê fizeram? 
Esses não queriam que seus filhinhos ou suas filhinhas se juntassem em uma mesma escola com garotas e garotos do povo, esses não queriam que seus filhinhos fossem a uma escola onde estudasse também uma criança negra. O quê fizeram? Enviaram seus filos a estudarem lá com os ianques, para que seus filhos continuassem estudando em escolas que têm nomes estrangeiros; enviaram seus filhos lá, estudar na Flórida, onde há sítios nos ônibus para brancos e sítios nos ônibus para negros, onde há restaurante para brancos e restaurante para negros, onde há parques para brancos e parques para negros, escolas para brancos e escolas para negros, hospitais para brancos e hospitais para negros, onde há cinemas para brancos e cinemas para negros, bairros para brancos e bairros para negros. 
E essa é a sociedade de que têm saudade. O que eles sentem é que em nossa pátria não tenha, como lá, bairros para brancos e bairros para negros, hospitais para brancos e hospitais para negros, parques para brancos e parques para negros. Eles sentem isso, mas não só sentem isso, isso não é mais do que uma manifestação de outra coisa que eles sentem ainda mais: eles sentem que aqui não tenha, como lá, uma sociedade de exploradores e de explorados; eles sentem que não tenha, como lá, trabalhos para negros e trabalhos para brancos, senhoras de muita linhagem, e criadinhas muito coitadinhas e muito humildes que tenham que fazer tudo, desde limpar o chão até abotoar os sapatos à senhora (APLAUSOS). E então dizem que "como vamos poder viver nesse país que é Cuba, onde a que eu ia ter de criada a terei de médico ou a terei de engenheiro, ou a terei de arquiteto?" (APLAUSOS.) "Quem esfrega o chão e quem me abotoa os sapatos?", se perguntam as senhoras. "Nesse país não podemos viver, vamos para Miami; vamos viver naquele mundo de exploradores e de explorados, de discriminadores e de discriminados, de senhoras milionárias de alta estirpe e de homens do povo maltratado." 
 
Ora bom, se aquelas senhoras se tivessem conformado com ir morar a Miami, elas e seus ilustres esposos, elas e seus ilustres parasitos exploradores, elas e seus ilustres maridos capitalistas, se ainda se tivessem conformado com isso, bem, lá elas com isso, mas o problema não consiste nisso, senão que eles e elas, com a ajuda dos exploradores de lá, dos discriminadores de lá, querem voltar a trazer ao nosso país uma sociedade de exploradores e de explorados, uma sociedade dividida em gente aristocrática e "rebanhos" de trabalhadores trabalhando para eles. 
O problema é que querem voltar; eles querem recuperar de novo suas casas, eles sabem o número, a rua e o bairro onde são suas casas, e eles sonham com voltar, e, a ponta de baioneta, a ponta de baioneta de mercenários, e a ponta de baioneta de marines ianques, tirar de todas essas casas os garotos e as garotas do povo, a ponta de baioneta tirá-los das escolas e enviá-los de novo a passarem trabalho, e colocar ali seus filhos que estão nos "colleges" de Miami, e voltar a ter babás, cozinheira, moça de limpeza, criada, em fim, quatro ou cinco garotas trabalhando para elas. 
Isso é o que querem os imperialistas; isso é o que querem os reacionários exploradores. Claro que tentam obstaculizar nosso caminho por todos os meios; claro que não descansam em organizar agressões contra nossa Revolução, mas somos duas coisas muito diferentes, somos dois mundos muito diferentes. Eles representam o mundo da exploração, eles representam o mundo da injustiça, eles representam o mundo da discriminação, eles representam essa sociedade que temos descrito, com escolas para brancos e escolas para negros, etecetera, etecetera. 
E nós representamos o mundo da justiça, o mundo da igualdade, o mundo dos direitos (APLAUSOS), a redenção dos humildes, a sociedade sem exploradores nem explorados; isso é o que representa a Revolução. Eles estão educando seus filhos nessas mesmas idéias de exploradores, nessas mesmas idéias de discriminadores, nessas mesmas idéias de injustiça. Contudo, nós educamos a jovem geração na idéia da justiça, na idéia da igualdade, na idéia dos direitos, na idéia do trabalho, na idéia da honradez e de ganhar-se a vida com o trabalho honrado (APLAUSOS), e não na idéia de colocar as massas a trabalhar para as minorias de privilegiados. 
 
Por isso aquele mundo não pode voltar nem voltará jamais (APLAUSOS PROLONGADOS), custe o que custar defender esta Revolução, custe o que custar defender este mundo novo, custe os sacrifícios que custar, custe o trabalho que custar ou a luta que custar; porque esta Revolução a saberemos defender, não importa quão poderosos forem os inimigos (APLAUSOS), não importa quão poderoso for o império ianque, não importa quão grandes forem seus recursos! 
Enquanto maior for o inimigo, enquanto mais grandes forem os obstáculos, mais se crescerá nosso povo (APLAUSOS), mais lutará nosso povo, e com mais decisão lhe diremos ao império ianque: “Não poderás contra nós (EXCLAMAÇÕES DE: "Nunca!"), não poderás contra nós, não importa que nosso povo seja pequeno! Ianque, ianque imperialista, ianque imperialista, não importa quão pequeno for nosso povo, não poderás destruir sua decisão, não poderás destruir seu porvir, não poderás destruir sua Revolução!" "Ianque imperialista, não te encorajes pelos lamentos dos covardes e dos pobres de espírito, porque os que não têm valor para marchar com a Revolução, os que não têm valor para fazer e suportar os sacrifícios que a Revolução entranha, não terão valor, nem terão coragem, para destruir esta Revolução!" (APLAUSOS.) Porque esta Revolução a defende o povo, a defendem os homens e as mulheres que têm valor para marchar com ela, que têm fé para marchar com ela, que têm espírito de ferro para marchar com ela, para lutar junto a ela, para fazer as batalhas que forem necessárias junto a ela. 
Jovens estudantes, dentro dessa batalha, dentro dessa luta, o dever de vocês é... Qual é o dever de vocês? (RESPONDEM-LHE A CORO: "Estudar!") Estudar, estudar, e estudar (APLAUSOS), esse é o primeiro dever de vocês. Para que vocês estudem se têm sacrificado legiões de cubanos, para defender o direito de vocês a estudar, isto é, para defender o direito de vocês à pátria do amanhã, estão dispostos a morrer nossos trabalhadores (APLAUSOS), estão dispostos a morrer nossos milicianos, estão dispostos a morrer nossos soldados, para defender o direito de vocês a estudar (APLAUSOS) têm lutado e têm morto milhares de cubanos; para defender o direito de vocês a estudar quando estavam vocês alfabetizando, aqui mesmo, neste mesmo sítio, numa manhã nossos homens se enfrentaram aos aviões de bombardeio inimigo, para defender o direito (APLAUSOS PROLONGADOS), para defender o direito de vocês a estudar, aqui mesmo um cubano jovem escreveu com sangue meu nome, não por ser o meu nome, mas por querer expressar com isso seu protesto e a idéia (APLAUSOS), a idéia das nossas aspirações e das nossas lutas. Por defender o direito de vocês a estudar, mais de 100 cubanos morreram combatendo as hordas mercenárias do imperialismo, que desembarcaram pela Ciénaga (Lamaçal) de Zapata (APLAUSOS). 
E por isso, porque o inimigo não tem podido esmagar-nos, estão vocês estudando; por isso, porque o inimigo não tem podido destruir-nos, se reúnem aqui 60 000 jovens bolseiros na manhã de hoje; por isso, porque o inimigo não tem podido destruir-nos, continua adiante a Revolução carregada de esperanças, carregada de promessas no porvir (APLAUSOS). 
Não importa, não importa o que hoje nos falte, o que importa é o que termos amanhã, o que importa é o que sobrará amanhã! (APLAUSOS.) aquele que planta pensa na colheita, mas no momento de plantar o que faz é trabalhar, depositar as poucas sementes que tem sobre a terra, pensando na abundante colheita de amanhã; por isso, com os olhos colocados no sulco do trabalho da Revolução e com a esperança colocada na colheita de amanhã, não importam os sacrifícios de hoje, não importam os covardes (APLAUSOS), não importam os hesitantes nem os pobres de espírito, esses não fazem a história, esses não fazem revoluções, mas também são incapazes de fazer contra-revoluções, por isso, porque são covardes, porque são pobres de espírito, porque não acreditam nem podem acreditar nas massas, porque acreditam só nas minorias dos privilegiados! Com a maioria dos humildes, com os trabalhadores, que são a maioria, com os camponeses humildes, que são com eles a maioria, continuaremos adiante, continuaremos lutando! 
Vocês a estudar! Mas estudar não quer dizer estudar com o livro, mas fazer tudo aquilo que contribua ao estudo, que ajude os professores, que ajude as companheiras e os companheiros que trabalham com vocês, que se desvelam por vocês, que não descansam trabalhando para vocês (APLAUSOS); quer dizer disciplina, quer dizer bom comportamento, quer dizer honradez em tudo, mas honradez não é só não roubar, honradez não é só não fazer uma série de coisas mal feitas. Honradez é também sempre dizer a verdade, nunca inventar pretexto para sair quando não há dias de saída (APLAUSOS). Nisso têm que ajudar os familiares, porque os familiares às vezes enfermam uma vovó para que lhe dêem saída ao menino e com isso não ajudam; os pais têm que ajudar-nos, têm que ajudar-nos os companheiros estudantes! e as companheiras têm que pensar que se há disciplina é por algo. Porque o Governo Revolucionário tem a responsabilidade de todos vocês, tem a responsabilidade que lhe têm confiado os pais de vocês, por isso não pode ter saída todas as semanas, não pode ter saída todos os domingos (APLAUSOS), por isso, para que exista disciplina não se devem inventar pretextos para sair. 
O Governo Revolucionário tem colocado ao serviço deste plano enormes recursos, centenas de ônibus estão ao serviço deste plano, um teatro imenso, três dos círculos sociais mais grandes da nossa capital, tem dezenas e terá centenas de professores de educação física, está construindo campos de esportes, tem clínicas especialmente destinadas para os companheiros, tem agrupamentos de produção agropecuária especialmente destinados a produzir os alimentos de vocês. O povo faz grandes sacrifícios, faz grandes esforços para facilitar-lhes tudo: estudo, saúde, boa alimentação, esportes, divertimentos sadios, uma educação completa; têm tudo, o que não têm inclusive muitas vezes no lugar onde residem; os melhores filmes selecionados, os melhores shows artísticos. É verdade que ainda não está cento por cento funcionando tudo, porque nos primeiros meses tem sido necessário um enorme trabalho para distribui-los, assentar vocês, organizá-los, fomentar o espírito da autodisciplina, porque isso é muito importante: a autodisciplina, que vocês se portem bem não porque so exijam, mas porque vocês fiquem conscientes de que devem comportar-se bem e que os que julguem os atos de indisciplina não sejam os professores, mas que sejam vocês próprios nos conselhos de disciplina das casas, para que aprendam a viver com uma mentalidade nova, com um sentido consciente do dever, não como antes que o cidadão tinha que comportar-se bem, porque tinha um polícia ao lado, ou um soldado ou um juiz. 
Na sociedade do amanhã não tem que ser assim, não serão precisos policiais, não serão precisos juízes, só para aqueles elementos absolutamente anti-sociais. 
 
A sociedade nova não tem que ser uma sociedade baseada no medo, no comportamento por medo à lei, no bom comportamento por medo ao castigo, mas no bom comportamento por amor às boas relações, por respeito às relações que tem que existir entre os homens, entre os seres humanos que vivem em sociedade. E por isso, desde agora queremos estimular em vocês esse sentido consciente do dever, do comportamento bom por convicção, de que vocês mesmos sejam os que critiquem as faltas de seus próprios companheiros e os que apliquem sanções simples para as faltas que cometam os companheiros. Porque esse é o povo que nós queremos fazer nas escolas, assim queremos educar as 512 000 crianças que neste ano temos na primeira série, às que temos no ensino primário e às que temos em todos os estabelecimentos, porque o mais importante de tudo é a educação, como orientar a juventude, como prepara-la para a vida futura. 
E por isso, os pais devem ajudar-nos, os pais exortando os filhos a dizerem a verdade, os filhos exortando os pais também a dizerem a verdade e a que colaborem, a que ajudem (APLAUSOS). Que os pais compreendam a responsabilidade que nós temos por cada menino e por cada menina, a necessidade de que exista disciplina, a necessidade de que exista a maior seriedade em tudo, porque assim nos ajudarão a cumprir com essas responsabilidades que temos. 
Estudar não é só bom comportamento, é também ter a casa em ordem, limpa, cuidar dos jardins, cuidar das mobílias, cuidar dos bens; é cumprir todas as normas de asseio e de sanidade que lhes dão nossos médicos (APLAUSOS), é ultrapassar todas as deficiências que ainda nos restam. Há deficiências ainda, sabemos, mas não é fácil organizar a vida de mais de 50 000 jovens, organizar tudo ao pormenor de maneira que não falte nada, de que tudo marche perfeitamente bem. E vamos a isso, a que cada dia tudo marche melhor. Necessitamos a ajuda de vocês e necessitamos a compreensão dos pais e esperamos, não é, companheiros?, que vocês nos ajudem em tudo isso (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: "Sim!"), companheiros, esperamos que vocês nos ajudem a tornar possível esse programa, esperamos, companheiros, que vocês nos ajudem e sobretudo que sempre tenham presente todos os sonhos, todas as ilusões e todas as esperanças que nós, os revolucionários, temos em vocês. 
Queremos que vocês sempre se lembrem dos que se têm sacrificado, dos que têm morto; que tenham presente as mães que estão aqui presentes e os filhos que estão aqui presentes, às mães aqui presentes dos companheiros que não estão aqui presentes. Que lembrem hoje às mães de todos os combatentes da Revolução que têm tombado!; que lembrem sempre e tenham presente esse dever sagrado, que tenham presente essa obrigação sagrada. 
Com o pensamento colocado em nosso dever para com os mortos, com o pensamento colocado na pátria do amanhã, na extraordinária pátria do amanhã, avante, companheiros, com a Revolução, junto da Revolução, quaisquer que forem os sacrifícios! Não importa o preço, não importa a luta, que o amanhã que temos diante bem vale esses sacrifícios, bem vale essa luta!
Adiante, com o povo! Adiante, com os valentes! Adiante, com os homens que têm fé!
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)
 

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